Coreia do Sul aborda medidas de segurança em criptomoedas após violação de dados da Upbit.

Em novembro de 2025, o setor de criptomoedas da Coreia do Sul enfrentou uma significativa perturbação devido a uma violação de segurança que afetou a Upbit, uma das principais corretoras de criptomoedas do país. Hackers conseguiram roubar aproximadamente US$ 30 a US$ 37 milhões em tokens associados à rede Solana. Este incidente, ocorrido em um período surpreendentemente curto de apenas 54 minutos, não só evidenciou vulnerabilidades nas medidas de segurança atuais, como também levou as autoridades sul-coreanas a reavaliarem os marcos regulatórios. Após a violação, a Comissão de Serviços Financeiros da Coreia do Sul (FSC), órgão regulador, respondeu prontamente, expressando a necessidade de medidas rigorosas para garantir a proteção dos usuários. As mudanças propostas se concentram em um sistema de "responsabilidade objetiva", semelhante às regulamentações bancárias existentes, em que as instituições são obrigadas a indenizar os usuários por perdas, independentemente de culpa. Essa abordagem, embora possa aumentar os custos operacionais das corretoras, é vista como um passo necessário para reconstruir a confiança na comunidade cripto.

Detalhes do ataque cibernético e resposta imediata

Em 27 de novembro de 2025, atacantes visaram as carteiras online da Upbit, sistemas usados para acesso rápido a ativos digitais, e conseguiram esvaziá-las. Esse incidente coincidiu com a fusão operacional da Upbit com a Naver Financial sob a égide da Dunamu, o que pode ter contribuído para a demora na resposta imediata. Após o ataque, houve um atraso significativo na notificação à FSC (Comissão de Serviços Financeiros), o que gerou preocupações e debates sobre os protocolos de notificação existentes. As regulamentações atuais estipulam que as entidades financeiras devem relatar prontamente as violações de segurança, mas as multas são limitadas a um máximo de 5 bilhões de won (aproximadamente US$ 3,4 milhões), um impedimento insuficiente para as grandes corretoras que lidam com capital substancial. Investigações apontam para uma possível exploração de segurança envolvendo a manipulação de chaves privadas, com suspeitas direcionadas ao notório Grupo Lazarus, da Coreia do Norte. A violação se soma ao histórico problemático da Upbit, marcando seu sexto incidente de segurança e intensificando os apelos por regulamentações mais rigorosas em um setor que já testemunhou mais de 20 falhas significativas desde 2023, resultando em perdas que chegam a 5 bilhões de won.

Reformas regulatórias e implicações globais

Em resposta, a FSC propôs reformas que alterariam significativamente o cenário da negociação de criptomoedas na Coreia do Sul. Ao instituir o princípio da "responsabilidade objetiva", as corretoras seriam obrigadas a assumir a responsabilidade financeira por perdas sofridas pelos usuários, emulando as exigências impostas aos bancos tradicionais pela Lei de Transações Eletrônicas. Isso exigiria que corretoras como Upbit, Bithumb e Coinone aprimorassem sua infraestrutura de segurança e aderissem a padrões de TI mais rigorosos. Essas mudanças fazem parte de uma revisão mais ampla da Lei de Proteção aos Usuários de Ativos Virtuais, que está prevista para consulta pública no início de 2026.

O efeito cascata dessa violação e o subsequente aperto regulatório provavelmente se estenderão além da Coreia do Sul, servindo como um modelo potencial para a supervisão global de criptomoedas. À medida que o setor lida com frequentes violações de segurança em todo o mundo, cresce a demanda por investimentos tecnológicos aprimorados e pela adoção de práticas mais seguras, como o uso de carteiras frias para armazenamento de ativos. Embora essas reformas prometam maior proteção aos usuários, elas também representam desafios, principalmente para as corretoras menores, que podem ter dificuldades para atender às crescentes demandas financeiras e operacionais. Contudo, enquanto os reguladores se esforçam para equilibrar inovação e segurança, a violação da Upbit pode se tornar um caso crucial para moldar o futuro do debate sobre gestão e proteção de ativos digitais.

Fonte: O artigo "Crise de hackers de criptomoedas na Coreia do Sul: violação da Upbit desencadeia reformas importantes" foi publicado originalmente no The Market Periodical .